14/09/24

Tortoise // "se quiseres" // Stereolab // "dezanove"

(a minha sanidade 
?mental? 
nunca esteve tão 
(bem ó) 
parva)

 "se quiseres"


se quiseres falar
fala
se quiseres calar
cala
se quiseres gritar
grita
se quiseres avançar
acredita
se quiseres sair
sai
se quiseres ir
vai

"não poder"
é cortina
de preguiça

"feitio de merda"
é questão
de perspetiva

se quiseres 
seremos
o que quiseres

se não quiseres
também




"Dezanove"
I
Envelheço com olhar imune ao rancor. 
II
O passado foi promessa.Passo por ele apenas para cumprimentar.É aí que rego as flores.
III
Nos cadernos escrevo como uma criança:lápis de cera carregado de honestos erros.
IV
Piso o chão como ave noturna que nidifica.
V
Bonecos desmontados, não encontro coração.Ofereço a presença à promessa.
VI
A árvore abana e teima em não cair.Escondo o rosto mas ofereço a voz.
VII
O casal dissipa com a neblina matinal.
VIII
Mato a sede descendo o poço.Mato a fome sussurrando.
IX
Onde caio nascem rios.
X
Deixava as palavras ao sol até queimarem.Esmigalhando o silêncio.
XI
Esqueço como quem não quer.
XII
Se estou só e escrevo desafio o silêncio?Se algures alguém se inquieta estarei só?
XIII
Aconteceu-me o sol.Por isso escrevo.
XIV
De noite abraço o que ficou.
XV
Levanto corpo inerte e parto na esperança de encontrar.
XVI
Frio e vento perturbam o rio.
XVII
A luz tomba sem som.Com um movimento de mão afasto o medo.Acendo velas com o olhar.
XVIII
Aos que aguardam farei fontes.Onde caio nascem rios.Onde fico perco -me.Onde chego estou.
XIX
O corpo declara guerra.Fixo olhos até que tudo seja ontem. Aí faço paz.



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