21/05/22

"Balada para Sophie" de Filipe Melo e Juan Cavia // Doenças modernas

"Guardar segredos faz-nos ficar velhos e sozinhos, menina Adeline."


 "Quando duas pessoas destruídas estão à beira de um abismo

a tentação de saltar torna-se ainda mais irresistível."




"Ficou tudo mais calmo e, nos anos que se seguiram, temos vivido muita coisa juntos.
Talvez não sejam coisas tão grandiosas como os concertos que o menino Julien tinha mas acredito que, por mais pequenas que sejam... para ele, são infinitamente maiores." 

----"""----



---""---

Ainda António José Forte




---""---
Doenças modernas

Sei que te é muito difícil cumprir o que te convences que "tem de ser".
Sei que me é muito difícil cumprir o que me convences que "tem de ser" quando todo o meu ser sente que é errado desperdiçar algo tão raro. 
(Esse cumprimento do dever é mais coisa de soldado e não do coração)
Qual das nossas a maior teimosia? 
Aguardar o inesperado que redime, a promessa que ninguém previu e a vontade de construir castelos nem que de areia mas que cheguem ao céu?
Será normal ou doença seguir maravilhado na esperança do impossível?
Será normal ou doença sorrir com esse pensamento? 

      percorri com os dedos os traços do teu rosto
             a firmeza dos gestos continua assustadora



"ende neu" / "Culpa" / "Borracheira" / "O Relatório de Brodeck"

 uma semana que parecia não chegar ao fim findou

cheia de desafios e imprevistos assustadores domados com mestria

devia estar orgulhoso, não? 
(e estou! 😊 )

porquê esta minha teimosia então?
porquê esta vontade de que também tivesses acedido ao meu pedido de sentar e falar? é certo que me convenci que a tua vinda naquele dia poderia ser muito boa e fiquei com tantas perguntas na mão. Porque é que estes pedidos são tão agressivos quando também o pediste para ti? 
(pergunto com amor e julgo que com alguma compreensão pela eventual resposta; pergunto mesmo sem malícia e sem precisar de resposta nenhuma.)
Queria agora essa conversa e as respostas ao que também anotei depois de me deparar com o imprevisto?
- Não!
Aquele último email longo que escrevi contém tudo o que senti que era verdadeiramente importante.
Não o releio regularmente (pode ser perigoso, a vida é agora e amanhã! o que se faz! não ontem! não o que se fez!) mas estou certo que sim e ele tem a sua utilidade. 

Mesmo assim queria perguntar coisas estúpidas como "ainda me tens amor?"
Mesmo que o silêncio responda por ti. Mesmo sentindo que neste momento talvez nem saibas bem o que para ti seja isso de amar. 
Quando não sabemos o que queremos da vida podemos tentar descobrir e ir à luta pelo que queremos para nós ou podemos aceitar o que ela nos vai dando.
Durante muito tempo encaixei-me na segunda atitude com toda a minha insegurança e mal estar relativos à vida profissional e que contaminam tudo e a ti na primeira na tua coragem de mudar de trabalho, casa, cidade, analisar o que gostas e recomeçar. 
Hoje já não seria tão simples de nos "encaixar" num ou noutro.  

Porra. 
quanto gosto eu de me iludir ?
de me agarrar com força àquele pedacinho 
que talvez já nem seja amor porque é só meu?
(e agora é só meu não é? 
quando voltavas seria por amor teu ou apenas pela promessa de amor que conseguias ler no outro?)
"um amor à prova te tudo" menos à falta de amor
sou eu que te canso, saturo e desgasto e o que dei de bom não te compensou.
são as promessas que a vida juntos nos traz que deixaram de te ser apetecíveis.
simples assim? 
Pelo menos não me deste novamente a conversa de eu "estar melhor sem ti". Sou até capaz de perceber porque no passado disseste isso mas é coisa que nunca fez sentido para mim.
Se calhar não sabes o que queres da vida mas sabes bem o que não queres e foi isso que expressaste mais uma vez naquele dia.

foram quê? 5 vezes? 
(mais uma vez : é reflexão! não há cobrança aqui! xô cobrança! !!!👻)

então para quê esta minha teimosia nas perguntas? 
amor incondicional ou cegueira?
(há diferença sequer?) 

estas nem são as perguntas que anotei e que queria fazer.
são divagações que se libertam ao vento na esperança que saiam e não voltem.

único tripulante do barco que afunda
(quantos dias até submergir? 1, 2, 3,...? )
e quando passa a equipa de salvamento..
acenamos 
"está tudo bem por aqui! 
Obrigado!
podem seguir!"

Por isso sim. Foi bom não ter continuado essa conversa. 
Não preciso mesmo dela. 
Foi bom impedir todas as perguntas de saírem.
Mais uma pequena vitória! 
😊

Não era saudade nem nostalgia. Aqui ainda se ama.
Saudade tenho daqueles dois! Tanta que dói! E mesmo assim mais que saudade tenho-lhes amor! 
(Será isto o "dar quando já não temos para dar" que tanto admirava na minha querida avó?  Que se passa comigo!?!? Que raio se passa comigo?!?! )

uma semana cheia de desafios e imprevistos assustadores

parecia não chegar ao fim 

findou

uma semana cheia

que bela aventura!
que belo concerto!
que boa companhia!
que vida boa!  

(Falo para mim e falo também como que para ti.
mas agora ocorre-me... 
se ainda me ouves no "Gumbo"
será que também aqui vens?
 porque raio virias aqui se não me tens amor?
deliro no meu sonhar-acordado?! Só posso! 
Mas se vens prefiro nem saber.
Por favor! 
Deixa-me este canto para 
contra todas as probabilidades
continuar a sonhar mais um bocadinho!)

e  agora? uma semana que parece não chegar ao fim inicia

"cheia de desafios e imprevistos assustadores" ...

e então? 😁


let's do it a Dada!!



"culpa"

Culpo o que cedemos ao tempo.
Culpo todas as musicas que deixámos de dançar.
E os livros que deixámos de ler com vozes estapafúrdias.
Culpo o meu reparar na falta que isso me estava a fazer
e a minha incapacidade para o colocar na mesa de modo que me escutassem.
Culpo.
E desculpo.


"Borracheira com avós em 2º plano"

Esta manhã:

reparei que a borracheira tem 4 pontas assim
(será que quer um novo vaso?) 
4 direções possíveis em que segue permanecendo no mesmo lugar 
como eu, também ela continua a ser ela mas é mais ela! 
será que está contente?
estarei a fazer alguma coisa bem?




"O Relatório de Brodeck" (Adaptação do romance de Philippe Claudel) 
por Manu Larcenet





20/05/22

Reflexões sobre Desgaste // "Amor" e "Adultos" de Vladimir Maiakovski // Leituras

Se sentisses o mesmo amor também tu (ou deveria dizer, sobretudo tu?) terias o impulso de tentar chegar a mim "contra tudo e contra todos", não? 

Mesmo que fosse "contra mim", tentarias tal como eu fiz contigo? 

O vulcão cuja lava me engoliu.




 ------  Reflexões sobre Desgaste  ------ 

(Será normal não me lembrar de dizeres "amo-te" uma única vez? Só me recordo de perguntar naquele fatídico dia do oceanário e dizeres que sim usando o passado.  Estarei errado ? Estarei eu a bloquear alguma outra vez e a ser injusto? 

E no entanto nestes meses desde janeiro senti amor. Meu e teu. Estarei enganado na minha perceção? Até no dia que no Porto que seria um dia teu, entre o tributo às mulheres do rock português senti-me amado pelas tuas palavras. Eu que sou provavelmente a pessoa mais atrofiada a receber prendas derreti-me completamente quanto reparei o que fizeste na camisa que me ofereceste nos anos. 

Não soubeste dizer o que foram para ti estes meses. Foi uma das perguntas que te levou a ficar um dia sem falar e depois vires ter comigo já com decisões tomadas. (Será normal partir dessa tua postura para pensar que se houve "cobrança" de coisas do passado ela partiu de ti?

Eu nestes meses tive os meus receios e inseguranças é certo mas não só amei como também me senti amado!  

Enquanto eu me apaixonei e me voltei a apaixonar cada vez que reatámos tu apaixonaste e desapaixonaste e talvez tenhas demorado este tempo a perceber. 

Hoje enquanto olhava para os "meus" livros recordava que os leste logo no principio. 

acho que te queria assustar com o meu pior seja no desespero que eles têm seja na promessa do "amor e uma cabana para sempre". mesmo quando dizia que esta promessa de um sentimento que muda, adapta e no entanto permanece imutável para mim é real e na minha experiência não é o cor de rosa dos livros. que desgasta a maioria... não me devo enganar se disser que os leste e tiraste apenas o bom. o "gajo sensível". o gajo que quando ama o faz com uma intensidade louca. sem dar importância ao peso e aos tons de de negro que povoavam bastante aqueles escritos nem aos meus avisos que esta intensidade de sentimentos a longo prazo não é para todos. 

ainda estava a milhas de reconhecer que muito daquele negro pode ter solução com ajuda profissional. também nunca sonharia sequer chegar a um estado como aquele dos dias que rodearam o episódio do oceanário. (conseguiria chegar a este estado actual em que encaro o trabalho com esperança sem toda essa história?)

apenas pensei "não me levou a sério quando digo que isto desgasta e raros ficam." mas o que pensei não foi o que senti. senti-te cúmplice num "se é para ser será agora!" que se tornou tão nosso e tão incrível. senti que talvez me visses no melhor e pior e não te tivesses assustado.

depois ouvir falar da saturação a cada quebra. senti que não tens força para alguém que está mal porque também tu estás mal. senti-me culpado de muita coisa. mas sobretudo de toda a minha resistência à mudança e da incapacidade em reunir força para me tirar do lodo. nem sempre foi falta de vontade. não foi fácil. dizerem-me  que num quadro de depressão latente ir buscar essa força por vezes é colossal e termos essa vontade já é um bom ponto de partida não me faz sentir melhor com isso. queria ter-te/nos poupado. queria que não me tivesses deixado de amar por isso. Terei de me contentar com a força que ganhei entretanto e com conseguir olhar para trás sem o pedo de outrora.  

desde final do ano passado tentei melhorar por mim e para mim. demorou a começar. estou agora nesse processo sem garantias. espero, nos altos e baixos da vida, ter força para o assumir para sempre. 

ficou claro desta última vez que os elementos dessa "saturação" não estão só em mim. e o que para mim foi um processo complicado de querer mudar e ficar melhor não é fórmula universal. podes nem sentir que há coisas a resolver do teu lado e tudo isso é válido e legítimo. 

depois recordei que começámos ambos num russo: "noites brancas" do Dostoiévski 

então peguei no Maiakovski. e afundei no sofá. )

        -------------------------------"""------------------------------


"Coltrane was the Father, Pharoah was the Son, I am the Holy Ghost" -  Albert Ayler 

-------------------------------------------"""-----------------------------------------------------


-------------------------------------------"""-----------------------------------------------------

 "Amor"

Um dia, quem sabe,

ela, que também gostava de bichos,

apareça

numa alameda do zoo,

sorridente,

tal como agora está

no retrato sobre a mesa.

Ela é tão bela,

que, por certo, hão de ressuscitá-la.

Vosso Trigésimo Século

ultrapassará o exame

de mil nadas,

que dilaceravam o coração.

Então,

de todo amor não terminado

seremos pagos

em inumeráveis noites de estrelas.

Ressuscita-me,

nem que seja só porque te esperava

como um poeta,

repelindo o absurdo quotidiano!

Ressuscita-me,

nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!

Para que o amor não seja mais escravo

de casamentos,

concupiscência,

salários.

Para que, maldizendo os leitos,

saltando dos coxins,

o amor se vá pelo universo inteiro.

Para que o dia,

que o sofrimento degrada,

não vos seja chorado, mendigado.

E que, ao primeiro apelo:

– Camaradas!

Atenta se volte a terra inteira.

Para viver

livre dos nichos das casas.

Para que doravante

a família seja

o pai,

pelo menos o Universo,

a mãe,

pelo menos a Terra.



"Adultos"

Os adultos fazem negócios.

Têm rublos nos bolsos.

Quer amor? Pois não!

Ei-lo por cem rublos!

E eu, sem casa e sem teto, com as mãos metidas nos bolsos rasgados, vagava assombrado.

À noite vestis os melhores trajes e ides descansar sobre viúvas ou casadas.

A mim Moscovo sufocava-me de abraços com seus infinitos anéis de praças.

Nos corações, no bate o pêndulo dos amantes.

Como se exaltam as duplas no leito do amor!

Eu, que sou a Praça da Paixão, surpreendo o pulsar selvagem do coração das capitais.

Desabotoado, o coração quase de fora, abria-me ao sol e aos jatos de água.

Entrai com vossas paixões! Galgai-me com vossos amores!

Doravante não sou mais dono de meu coração!

Nos demais - eu sei, qualquer um o sabe!

O coração tem domicílio no peito.

Comigo a anatomia ficou louca.

Sou todo coração - ruge por todas as partes.

Oh! Quantas são as primaveras neste trémulo corpo acumuladas?

Uma tal carga ainda por estrear torna-se simplesmente insuportável.

Insuportável não para os versos, mas na realidade.


--------------------------------"""---------------------------------


Mais umas belas leituras novas (e outras recorrentes)💓 :





















19/05/22

Mensagens ao mar // Improvisos lamechas

O que por vezes parece extraordinário pode revelar-se um lugar comum.


---"""---

Ainda me perco a tentar compreender como a minha insegurança resultou numa acusação. 
Como conseguir espremer todos os devaneios num mais claro "não preciso mesmo que venhas mais vezes cá, nem de ter mais tempo nosso sequer, apenas quero saber se tens vontade de mais tempo comigo" dito por alguém rejeitado tantas vezes resultou num sufoco teu. Como depois das conversas de janeiro se passa um dia a refletir sozinha em vez de procurar diálogo ou de apenas dizer "calma, preciso de refletir sozinha". Se vi mesmo alguém apaixonado desde janeiro ou se imaginei. Se só eu procurava saber onde fica o meio termo. Se só eu voltei a ser feliz neste ano. Recordo abraços daqueles bons em que tudo fica bem e calmo. Recordo fazer amor apaixonado. Recordo estar a adorar percorrer estradas contigo a ouvir musica. Recordo estar feliz por voltar a fazer parte. Recordo conseguir alguma calma para voltar a perceber onde encaixaria a minha vida aí. Recordo conseguir calma bastantes vezes para apreciar os fins de dia juntos. Recordo ter coragem e calma para ponderar investimentos e mudança de emprego. Recordo alguma ansiedade boa ao pensar em soluções para filhos. Devia ter falado nisto tudo ou assustar-te-ia ainda mais cedo? Senti gosto nestas questões mas não senti urgência. Isso foi mau? Recordo até estar menos rezingão com questões da nossa agenda, não? 
Eu saltei sem olhar. A pés juntos! 
Como pode uma questão insegura de quem te ama sufocar? 
Ou o que sufocou foi eu estar mais calmo e disposto a avançar nestas questões? Ou o perguntar o que foram para ti estes meses?
Será que também te vês um pouco como agressora pelo modo inesperado e intransigente como afastaste sem diálogo prévio nestas últimas 3 vezes e o que resulta daí? Como na dúvida e desconforto a decisão foi pelo "que se foda isto tudo" ? 
Não te assusta as consequências das coisas serem feitas nesse ímpeto abrupto para o outro? Que tudo o que de bom que houve fique marcado por esse descartar unilateral e contínuo da outra pessoa?
Mas tens alguma razão, claro: eu e as infindáveis questões de quem sofre e está a tentar resolver problemas graves de ansiedade.
Estas e tantas outras perguntas que sei que não são mesmo para responder. Sobretudo por quem se sente oprimido por elas.
Terás as tuas razões.
Terás o teu coração.
E as razões do coração que a razão desconhece.
Eu tenho estas perguntas.
Este desconforto que por vezes não o é pois já nada tem o peso de outrora.
As coisas avançam e a tua inação é também ela uma acção bem forte e determinada.
 As saudades de me sentar a falar contigo de coisas banais é imensa. (Queria isso e não o que temo que aconteça um dia mantendo tu a tua postura usual: estarás por Viseu nas tuas lides ou vens ao Jardins e cruzamo-nos na rua sem saber como ou se sequer nos cumprimentamos como no passado já aconteceu. Esse cenário entristece-me. Acho que merecíamos mais que isso.)
Mantenho esta maneira carinhosa de olhar para ti.
Não de saudosismo.
Mas de quem por entre tudo ainda consegue ver coisas boas pela frente.
De quem por entre tudo ainda vê quem ama.
E rapidamente estas questões se esquecem por outras que verdadeiramente interessam: como estás? Que tens feito? Como correm as aulas? Como estão as abelhas? Como andam os burrinhos? Como anda o teu coração? Correu bem o transporte da Mirschquina? Como têm andado os teus pais? Tens tocado? Tens visto coisas giras? Lido livros? Tens escrito, pintado, criado coisas tuas? Gostava muito de ir ver as tuas exposições (será que te incomodaria ou que até gostavas?). Como anda tua mana, Rafael e Miguel? Como anda o teu avô? 

Havia duas maneiras de partir: uma era ir embora, outra era enlouquecer” (Mia Couto em “Terra Sonâmbula”).

Não sei os contornos de como chegaste ao teu "sufoco".
Mas acho que percebo isto:
Tu partiste para não enlouquecer. Eu enlouqueço um pouco porque partiste.

---"""---

Está um fadista do c#ralho!


eu
já tentei esquecer
apagar
rescrever
todo este desconforto
assim
só consigo assustar   
barco em alto mar
sem chegar a bom porto

um dia
em que passas por mim
consigo parecer
inteiro funcional
mais que mero animal
sentimental

fi-fi-fiiuuuu
firiri-fi-fiu

a long way home
and with
each step
a story
and a song
from paris
to rome

in darkest night
and in
brightest day
I feel
the warm embrace
that leads me home

on this blood stained ground
kneel and bow down
take of your mask
surrender your crown

a memory
the strangest home
a touch
and smell
that asks
for my
return

she talks to ghosts
and I
cant feel
but get
attracted
like moth
to flame
I burn

on this blood stained ground
kneel and bow down
take of your mask
surrender your crown

(2 temas igualmente fracotes.. não ando muito inspirado. é para o que dá o gasto. quando a vontade de te abraçar com força supera astronomicamente a de tocar suponho que seja normal. 😄 )

---"""---

Tens razão, foram muitas vezes que acabaste e é de loucos. Mas também penso que poderá ser a tua luta e não falta de amor. Que tal como eu tardei a começar a minha luta e a encarar o que tenho aqui há décadas talvez também tu estejas num processo semelhante de reconhecer o que tens aí. E se for o caso queria conseguir esperar, não vás tu reconhecer que as razões se saturação foram outras bem mais complexas e que há e sempre houve amor por mim. Será demais querer estar na minha luta e compreender e ajudar na tua? (Será sempre se é uma ajuda que não queres, claro.) Teria de passar por aquele diálogo que apontámos em janeiro e que por vezes te parece tão difícil sair atempadamente. Estarei a ser compreensivo demais? Existe sequer "compreensivo demais" com quem gostamos? Não creio. Pode é existir o eu estar a procurar explicações para algo que é apenas falta de amor. (Mas deves compreender: li-te também a ti feliz e apaixonada naqueles meses, pensei que fazia as perguntas para saber se querias mais tempo juntos com calma, para mim foi tão abrupto.. )

Se por acaso aqui vens de vez em quando porque não tentar antes falar comigo?

Casmurrice, convencida de fazer o correcto, medo...? Saudades que emudeces e calas? Medo do que ainda sentes Ou pelo contrário, nunca mais me queres ver à frente? 

Serei eu o único com estes laivos de saudades avassaladoras? É assim tão mau falares sem certezas? É mau manifestar e assumir esse impulso? É "voltar a cair no mesmo"? Medo de alimentar esperanças (em mim, em ti)? Serei assim tão assustador? É isso "maturidade"? Ou imaturidade é confundir vires aqui com vontade de me falar ou algum tipo de afecto? 

(em laivos de lucidez claro que me sinto idiota por imaginar que me quererias ler. deves já ter alguém que goste de ti e que te faça acreditar novamente em coisas boas a dois. mesmo num desses cenários espero que sejas feliz enquanto permaneço aqui a lançar garrafas ao mar sem saber se alguém as lê. apenas mais um manifesto da minha loucura a teimar em agarrar até o nada que me dás.)

que será do "Hu-Hu" do meu "Shoo Be Doo Da Dabba Doobee" se o fazes em surdina? 

😂 



Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como...
Você 
não está entendendo
Quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita
Traz meu café com Suita eu tomo
Bota a sobremesa eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como
Você 
...tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo