28/09/23

“historias” / Bowie / e então? / YMG

 “historias”


Mais que corpo e alma, pessoas são histórias. 

Há histórias que não preciso saber como acabam, histórias que gostaria de saber como acabam e histórias em que preciso saber. São essas as pessoas que amamos. É daí que o amor que pais e mães têm pelos filhos é evidente (Salvo raras excepções de ausência de afecto, na medida que lhes for possível precisam saber).

Assim, há histórias que precisamos conhecer e outras ainda que escrevemos a 2 mãos. 

Esta finda aqui para que, com menos tinta e mais afecto, outra possa continuar.




"E então?"

Dormi mal, e então? 
Fui trabalhar, e então? 
Atendi pais, e então? 
Almocei, e então? 
Fui interrogado, e então? 
Sinto um carinho parental incapaz de se expressar, e então? 
Regressei com vontade de desistir, e então? 
Insisto, e então?  
Ainda, e então? 
Amo. Por vezes parece que não sirvo para muito mais. 
Sei que não chega.
e então? 


23/09/23

"solilóquio" // Asas Fechadas

 "solilóquio"


(os sonhos não se agarram.
tentam-se escrever,
tentam-se pintar,
por vezes quase se filmam.

por vezes quase se tentam.)


sabes,

também eu sonhava

ser

"normal"

um doce embalo,

um príncipe de face meiga

e carinhosos gestos.

não sou quem procuram.

não aprenderei a ficar

em animação suspensa

onde "não és".

não quero

novamente,

recorrentemente,

apontar

o erro na lógica.

já tens idade.

caprichosa como o tempo,

velha como eu


deita-se fogo às chamas.
insulta-se o vazio
e os espaços entre o vazio.

sabes ...

já tudo foi feito, pensado,...


é cada vez mais difícil

encontrar espaço para o voo.
só filhos da puta sem ilusões

têm forças

para se iludir.

fazendo perdurar

contos de fadas.


em vão. 


elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos

elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos

elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos


15/09/23

"brincadeira" / Chicago Underground / "cinco horas da tarde" / Cap'n Jazz

 "brincadeira"


reconhecer,
no abismal escárnio
do tempo,
sedutora melopeia

se a voz
se torna audível
apenas 
para conjurar
ladainhas
na vertigem
de fintar
a morte
em vida

fantasmas 
atravessam paredes
homens 
não

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"cinco horas da tarde"

qual o sentido
da palavra
que morre 
antes
da boca?

qual o sentido 
se a luz do quarto 
decreta silêncio 
nos cobertores

sem tempo 
não há sossego,
se sossego
o tempo sobra

és o que não és
quero o que não quero
serei o que não sou

anda,
chega,
senta.

vamos fazer

sentido