24/06/11

:(


Munique-Paris, de 23 de Novembro a 14 de Dezembro de 1974.
«Outra pessoa apanhava de imediato um avião e estava em Paris numa hora e meia. Werner Herzog preferiu demorar três semanas, porque acreditava que quanto mais tempo demorasse mais tempo a sua amiga Lotte Eisner tinha para ficar boa. Ele confiava nos sonhos mais tresloucados, e nada impedia que aquela viagem de Inverno impedisse a morte de alguém.
Herzog atravessa bosques, aldeias, rios, vinhas, passa por radares, locais históricos, inscrições religiosas, vê corvos, cães, veados, extasia-se com as estrelas, avança pelo vento e o nevoeiro, sofre a chuva e a neve. Quando chegou a Paris, encontrou a quase octogenária Lotte doente mas estável. «Alguém lhe deve ter dito por telefone que eu tinha chegado a pé - eu não queria revelá-lo. Sentia-me embaraçado e pousei as pernas doridas num segundo sofá que ela empurrou para perto de mim.» Em silêncio, ela agradece o esforço, ele está esfusiante por ter conseguido. Lotte Eisner morreu em 1983, e só não morreu nove anos antes porque em 1974 Werner Herzog não a deixou morrer.»












há dias em que há algo de bom naquele constante acordar. em que as mãos seguram o corpo com uma firmeza tal que todo o corpo jura ser mentira há tanto não ter. sonho? ... qual sonho?

23/06/11

ladaínha de junho

não vás por aí
que isso ruma a longe demais
onde os pés não tocam terra
onde se esqueceram os pais
onde a terra não dá fruto
onde ningém sabe quem é
e já ninguém diz 'bom dia'
e todos almoçam de pé
e seguem atarefados
com muitos papeis na mão
por passeios e calçadas
cimentar o coração.


22/06/11



It's Not Who Lived Here

but who died here;
and it's not when
but how;
it's not
the known great
but the great who died unknown;
it's not
the history of countries
but the lives of men.

fables are dreams,
not lies,
and
truth changes
as

men change,
and when truth becomes stable
men
will become dead
and
the insect
and the fire and
the flood
will become
truth.


20/06/11

minha enorme cobarde....

obrigado.




fragmentos

acordei
mordido por formigas
werzog
fuga por entre a calçada dá entorces no pé
baile ao pé do rio
dois
feveras e sardinha
queria um beijo teu, no coração
e tu? és feliz?
espero que sim.

19/06/11

Chocolate Bunny from Blink on Vimeo.


eram tudo mentiras?
...
que interessa?
se sabes o que sabes aguenta-te à bronca meu filho
foste tu que convocaste tempestades

e afinal o que é isso de "justo"?

todo o petróleo do mundo


18/06/11

cartaaopai


encontreiogatodesaparecidoetelefoneiaodonoquatroshotsdewhiskyeoitocervejascospenaconadabocadopardal-avelãdeveludosantabifanapeidodefreiraogerêsfodeu-sedevezsinoquetocaemsãoVicentedeforadapiçacamaquenãoapanhacorpoqueteimaemnãodeitaramormeuamorcobardequeseenfioudebaixodaconadamãecomosefosseguarda-chuvaquenãoservedepara-raioarrebrutacriaturaqueijodaserrameldeabelhapiçadepiriquitoenconadocornodeburroestavidanãodáparaseresassimcobardeeestecorpoqueéteudefinhaemmasturbaçãoeumdesgastedequeessesbraçospodemsalvarmasnãoofarãoparaládoMarãomandamosqueláestãoedepoisdocopocheioentornaovinagredatiaobuçoesovacospeludosdaalemãqueachaquesimeacocainanonarizdameninaqueoferecemasjánemsabequeméetuetuetuquemedestrintametrosmascabesnumburacodumapunhetaquepariuamanhãédiaequeacordareiinevitavelmenteparamelebrarqueéstãoparvacomoeuequetambémelesenóseopapasebanhamnestetipodearrogânciaarreburroqueacenouranãotechegacolhõesdeandorinhaquejátecaiamnastrombas!

17/06/11




o correio vazio. algures é Domingo.
Entra-se para o autocarro para mais uma indesejada ida e volta (é assim quando finalmente se sabe o que se quer e se quer o que não se pode). cabeça cabisbaixa, engolido num assento, passeando por uma paisagem que não se consegue assimilar.
fecho os olhos. recordo a relva quando te ouvi em Novembro.
"gosto tanto de ti" (sim, sei bem qual o dia meu amor).
a entoação de cada palavra gravada na alma.
o quanto a garganta secou enquanto os olhos se fixavam em baixo (e por lá se prolongavam até dias depois quando o fogo devorou a cidade).
há um bebé que grita. como os homens já gritaram. como os homens nunca deviam ter deixado de gritar. como eu ainda grito quando julgo que ninguém escuta. (grito os teus olhos como deles me recordo, nossos verbos)

o arrependimento dos homens é infinito.

Cansado recordo o silêncio,
esquivo as memórias
mantenho a cabeça entre as mãos
como se assim a protegesse
quem olha julga-me morto,
resignado. digno de dó.
não é assim!
a cabeça pesa-me é certo
mas dentro dela nascem poemas.

desculpe, tem horas?

16/06/11

hoje voltei ao cinema para ver o mesmo filme.

Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
E cobria com pedrinhas de brilhantes
Só pra ver, só pra ver meu amor passar
...





15/06/11




que saudade de correr com os meus filhos....


e agora? independentemente do aviso que me repetes ter feito, chegar aqui depois destes seis meses a contrariá-lo.. quem é mentiroso e cobarde?


compreendes agora que nada é tão simples?

acredito que haja arrependimento nas palavras (mesmo que verdadeiras, e eu acredito que o foram). quanto mais não seja para não teres de acreditar que foste tu que me acordastes. se ajuda saber: não foste. também eu avisei que se acordasse tu adormecias. (mais que uma premonição, um receio. já sabia o que é estar aqui...) precisava apenas de uma desculpa. tive-a. movi-me. cheguei com bilhete na mão quando o comboio partiu. são tudo processos. apenas processos. têm o valor que lhes queiramos dar.
e neste contexto o que é isso de ser cobarde? porque agora já não sinto a inquietação de um.
pelo contrário, a calma que consigo vem daí. daí e de saber de que há coisas que não mudam. coisas de que não consigo fugir. e sim, há felicidade em saber isso.
sei bem o que houve. sei o que nunca houve. sei o que poderia haver.
não há promessa de conforto que me adormeça.

de onde vem a magia nos dias de hoje? onde a podemos encontrar?
onde senão na demência e desespero com que amamos?
que saudade de correr com os meus filhos
que saudades da nossa loucura...

13/06/11

leitura de fim de semana - 2


L'ABSENCE

Je te parle à travers les villes
Je te parle à travers les plaines
Ma bouche est sur ton oreiller
Les deux faces des murs font face
A à ma voix qui te reconnaît
Je te parle d'éternité
O villes souvenirs de villes
Villes drapées dans nos désirs

Villes précoces et tardives
Villes fortes villes intimes
Dépouillées de tous leurs maçons
De leur penseurs de leurs fantômes

Campagne règle d'émeraude
Vive vivante survivante
Le blé du ciel sur notre terre
Nourrit ma voix je rêve et pleure
Je ris et rêve entre les flammes
Entre les grappes du soleil
Et sur mon corps ton corps étend
La nappe de son miroir clair.

Paul Eluard, "Derniers poèmes d'amour"

leitura de fim-de-semana



:(



porquê?


[é favor assinalar a resposta correcta com um X]

a) as coisas dentro de caixas acabam por asfixiar. a vida por outro lado, segue indiferente.
b) medo que te agarre e te cubra de beijos e nunca mais te largue.
c) medo que um dia te apercebas que não tens razão para ter medo.
d) mero instinto paternalista de quem tem a mania de que sabe o que é "melhor" para os outros.
e) xiri-bita-tá-tá-tá. cara de amendo-á. um sorvete colorido. quem está livre, livre está!



-> Clickar para responder ao inquérito.

12/06/11

a primeira prenda....




três cds com álbuns em mp3. como resposta a um desafio. "musica que mexa comigo". 2006 ainda?
a capa era desenhada à mão e tinha nuvens de algodão.

09/06/11

Prince Rama @ Lounge, Cais do Sodré






Continuava a repetir-me "ela aguentou" (ou talvez "ela não aguentou", mas passou por isto ou pior talvez...) e chamou-te antes de se acobardar. Está certo que não há encosto! Não há sombra. Não há banco sequer! E as saudades que tenho desses filhos. E as saudades que tenho desses braços. E? E? E? É tudo. Há apenas um! E isso pode nem sempre ser local de conforto mas é a única magia que resta no mundo. Saí de casa aos tropeções. Por entre as ruas estreitas de Alfama. Ao fundo há uma roulote ambulante que vende farturas. Mais à frente um pequeno arraial onde gente já embriagada, turistas e sem abrigo se juntam num balançar ligeiramente descoordenado. Paro para jantar no tasco do costume. Já me conhecem. Uma sopa e um copo de tinto mal me sento. Hoje está mais vazio que o habitual. "São os santos!" - informam-me. "A partir do meio dia de amanhã as ruas vão estar impossíveis!". Tanto me faz. Ao meio dia de amanhã não estarei cá. Por hoje apraz-me assim.
Como, tomo café, pago e despeço-me. Ainda tenho tempo. Sigo para uma livraria onde encontro preciosidades usadas ("quem procura sempre encontra...") e depois disso para o local do concerto. Encontro alguns amigos. O concerto começa. Projecções de cores e formas. Dança. Teclados convidativos e uma percussão dinâmica. Até um momento em que a vocalista/teclista sobre a uma cadeira. Olha-me nos olhos. Grita "trust", vira-se de costas e deixa-se cair. Amparei-a e em braços passei o leve corpo para seguir em flutuação sobre o resto do público. E embora se possa dissertar sobre confiança, saltos de fé, ... Qual a real importância disto? Nenhuma! Nenhuma não fosse eu ver o mesmo nome em cada momento do dia em que possua um pequeno brilho. Como uma desculpa. Uma permissão para uma opção que nunca tomei e me define. As coisas vivas em caixas sufocam é certo. Mas como sabermos se as coisas existiram de facto? E algo só é nosso se voltar para nós quando o libertamos, não?




Bom dia meu amor.