25/07/22

"Hoje" // "Conversas em jazz" // "I will not be safe"

Hoje...

vi, senti e dei a mão.
não me senti preso nem intimidado em conversas.
tomei iniciativa. fui.
não fiquei preso em mim, ajudei, abracei.
estive lá para os outros como quase sempre quis estar
nas coisas simples
a intenção não nasceu e morreu em mim
mas materializou-se em ação.
(e isso fez a diferença) 
li-o nos olhares e sorrisos. 
e no fim do dia sem certezas de dominar a arte, senti que me libertei.
Hoje tomei eu conta dos outros. fui menos bicho.
Hoje senti-me bem comigo.
Hoje eu fui eu.

(e reparei que hoje a borracheira tem 7 pontas novas ! Parece que estamos os dois contentes! 😁 )


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o meu pedido de carinho, cuidado comigo e conversa que pode fazer diferença entre um abraço bom ou um que magoa.
o teu direito a ir onde quiseres sem te fazeres anunciar.
as coisas feitas no teu tempo.
o teu impulso que sempre ganha.

a tua auto-preservação atropela o meu bem estar e dás a entender que tem de ser assim :
abraças porque tens esse impulso, não conversas antes nem depois porque não tens vontade.
Meses em que me dás a entender que eu falar ou fazer algo que me aproxime de ti é egoísmo meu e vai dificultar o teu processo para teres força. Será assim tão estranho estranho ler agora eu egoísmo em ti?

Não tens conversas desconfortáveis quando o outro pede, ages de impulso, não refletes em conjunto nem tivemos conversas a dois antes de decidir terminar a relação ... Estamos nos 40 e comportamo-nos como 18.
Compreendo que a tolerância para o diálogo fique em níveis baixos com conversas circulares e quando precisamos de espaço para reaprender a falar e a ouvir. Relações longas são exigentes. Procurar soluções não é "para meninos" e ter força de as tentar aplicar menos ainda. Por vezes precisamos espaço, pausas ou outras coisas que não imagino. Mas há carga pessoal e de casal que é bom largar seja para o que for que o futuro traga, e fazer paz com a nossa história e não a confundir com histórias do passado não é tão simples como possa parecer mas é bom. 

Amo-te. Se ainda não reconheces o quanto no teu esforço de ficares bem tens atitudes em que falhas o respeito pelo outro ambos precisamos crescer. Não "para mim" nem "por nós", mas porque acredito que te vai fazer bem a ti.

Embora sinta que não houve esse respeito, por aqui há força, tolerância, amor, vontade de aprender e compreender. Estou também disposto a aprender o teu lado e a que me mostres que esta perspetiva está errada ou desajustada se quiseres. Não guardarei rancor destes episódios, não guardo dos antigos mas não posso com isso negá-los e "poupar-te" desses factos permitindo-te permanecer numa ideia falsa. São a nossa história. Nem mesmo a caminhar para outra relação a podes apagar. Não fugimos de nada se não de nós mesmos. Já te vi fugir de ti umas tantas vezes. Mesmo que este assunto não te seja relevante, faz uma pausa nos impulsos, usa o teu tempo e encara-te sem medo sempre que possível. Tal como tu me queres mais forte e maturo em certas coisas também eu te quero assim apenas por ti. 


Mais que isso até, se hoje consigo ter calma no meio da tempestade sei que me empurraste para ela, sei o que deste de ti nesse processo. Estar ciente de tudo com mais calma não quer dizer que esteja tendencioso. Demorei décadas para começar este meu trabalho. Teria sempre de partir de mim e tinha entraves exteriores e (muitos) meus. Durante estes anos não duvides que ajudaste a mudar isso com a tua força e o teu amor. Talvez o amor que me deste em todo processo seja o que desapareceu de ti. Talvez tenhas gasto demais. Chegados aqui estou com clareza para te apontar o que me magoa mais facilmente mas claro que não me posso limitar a isso e tenho de reconhecer tudo o que deste. E no meio da nossa imperfeição, encontros e desencontros, o que deste foi sempre imenso. Por isso por mais que a terra trema, o vulcão expluda e a lava me rodeie os meus passos tremem e por vezes temem mas sigo certo do caminho. 

O coração continua na mesma. A mão continua aberta para o que for preciso. 
Fica bem meu amor.

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A cada dia que passa, por entre divagações, inquietude, alguma tristeza ou até mágoa noto que a paciência e tempo gastos nisso são cada vez menores e que a vontade de querer aproveitar o dia e a vida perduram, bem como um sentimento de amor e um bem estar que vem com esta realização que procurei durante anos em sítios errados. Quero-te perto mas não preciso de ti.

É um pouco chato estar aqui sem ti mas é ótimo estar aqui.



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"I will not be safe" - Alabaster DePlume
I wanna say somethin' to the machine And it's like this I was writin' about I was writin' to myself ab- Well, I was writin' to someone about, um

How I wanted to do this thing And I, and I thought about how I want to live as well And what I wrote was, uh I will not be safe I will be magical I will be open and true and good
It will be the sound of me being magical I will be incomplete I will not be safe Love is not safe Courage is not safe
I have the greatest gift of all to give It's my love It's the best thing in the world And even though it doеsn't need to be receivеd For it to be so great I will not be sheltered, even by this fact
I will not choose cynicism Or take it up on its delicious, bitter offer That is so comfortin' and familiar And final and fatalistic I won't need any promises nor denials I do not have the answer I won't compose an endin' to defend myself from blisterin' rays of hope
And I won't hide behind a matchstick of a sweet little word, either I will be naked like water It's the worst place to be It's the best place to be It's where we are anyway I will be there, I am there I will be!



20/07/22

"O Rumor da Geada" - Jorge Zentner & Lorenzo Mattotti // "inventário" /// “aprender a cair”

 







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"inventário"


para os homens que dormem não há desculpa

a consciência falha

tomam a vida certos de que podem fugir 

a súmula dos actos é a única pauta do seu sucesso

são estes os homens de amanhã


para os homens que optam seguir de olhos abertos

a contenda que aguarda é implacável 

num ininterrupto estado de alerta

caem de cansaço devorados por números


grande parte das pessoas simplesmente evaporou

não são homens nem mulheres,

não por egoísmo, falta de sensibilidade, de coragem, de tacto...

mas pela ingenuidade de quem prometeu sem saber cumprir

(desde então ninguém promete com medo de evaporar)


dizem que a cidade incendiou com o primeiro beijo

eu procuro quem a incendeie com último 

antes do último

  antes do último

    antes do último



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“aprender a cair”


no dia em que a levou a casa

sentiu-se em casa


um coração fértil

contra a insensibilidade dos dias

semeando esperança

transubstanciava

deserto em solo arável


no dia em que a levou a casa

uma certeza antiga:

não se conformava em arrancar

rosas

para oferecer

quando preferia passear

pelo jardim


12/07/22

"Conversas em jardins" // “sincronização”

As boas Leituras continuam 💓 

Zidrou a escrever maravilhosamente:


Gippi a escrever e desenhar maravilhosamente:







D'Salete a educar:




e a arte de Breccia que é sempre soberba:



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"Conversas em jardins"

Tivemos algo bom.
E isso foi bom.

Vieste mais uma vez no teu tempo falar de portas abertas.
Não recebeste bem o meu ponto de vista sobre isso.
Mesmo assim consegui sentir algo bom em estar contigo.
Por entre altos e baixos o saldo do tempo contigo é sempre, para mim, positivo. Um sorriso teu salva vidas.  
Falei de um dos temas que me é mais querido e o castelo desmoronou.
Saíste e fechaste a porta novamente.

Recordas de desde janeiro ter dito que para mim a banda não era prioridade? Tinha uma ideia fincada de que esse espaço de ensaios e concertos precisava de ficar livre para nós ou até apenas para ti. Estava pontualmente carente e inseguro (naquele contexto como não estar um pouco?) Mas estava finalmente calmo e predisposto a encontrar esse meio termo contigo. Foi raro: tu tinhas mais vontade de tocar que eu e por mim estava tudo bem. Será que acreditas se disser que nesses meses tirava um bem estar quase igual em por exemplo te ir ajudar com as abelhas?

Agora pedi para tentarmos despedir da banda de um modo bonito.
Nem ponderaste.
Dei 20 passos atrás.

Na mensagem mais recente antes do teu convite disse-te que ainda amo.
Como consegues fazer todas estas coisas assim?
Pareces estar bem sem mim e sabes que eu não estou ainda bem sem ti, que impulso te levou a vir dizer que abres uma porta ?
Se era apenas saudades assume como tal e aborda-me apenas com isso.
Se queres amizade mesmo sabendo bem que eu ainda não a consigo pondera melhor.
Se queres uma porta aberta para a qual nem tu estás preparada pondera melhor.
Porque te magoa tanto eu ainda sonhar com filhos nossos? (e se te disser que a minha confiança nessa ideia chega ao ponto de nos imaginar bons pais mesmo sem uma relação "nossa"?)

O teu querer é claro: não queres o meu amor. Mas o teu sentir parece ainda estar preso e com dúvidas.

Se foi o teu sentir que te fez quebrar tudo na relação não queiras forçar agora o que sentes para teres uma amizade "de porta aberta" se ainda tens aí coisas em conflito.
Já deste direção e decisão ao que sentes. Não digo que estarás errada quando negas ter amor por mim (só tu saberás isso) mas para seguires dá-te mais tempo a ti mesma e reflete melhor sobre o que sentes / não sentes. Eu faço-o. Olho com amor e olho friamente. O que tanto magoou e o que arrebatou. Acredita: por vezes gostava que depois da minha reflexão a conclusão fosse outra. Peso tudo. Recalculo. Vejo se a balança quebrou... nada! Ainda amo. 


Por aqui também foi duríssimo. Desde o quanto por vezes é mesmo difícil estar só, até tentar lutar contra isso, planear para tentar estar com amigos e infelizmente sair tudo furado. Levar com este abrir e fechar de portas sem compreender razão nem o tempo dele..
Tens atitudes brutais ao terminar, tens estes atos egoístas e impensados.. em que o outro é sempre colocado em 2º plano ou nem tido em consideração. Por vezes por questão de luta pelo teu bem estar e isso é mais que justo (um "egoísmo necessário e saudável") por outras nem por isso (o teu bem estar não deveria significar magoar os outros). Digo tudo isto sem nenhuma mágoa nem sequer querer que isto seja um julgamento. Será que consegues ler nisto alguém que te conhece mesmo? Que te vê nua, inteira no melhor e pior e mesmo assim sente que te ama? Para mim tudo isto é ver-te como és. Sem cobrança, sem querer com estas observações magoar mas também sem ilusões. E se dúvidas há: não quer isto dizer que gosto de me magoar mas conheço-te completa e é completa que gosto de ti.
Apanho-me do chão, relativizo e vou buscar forças não sei onde.
(Sim, ainda tenho onde ir buscar forças)
Ainda tenho amor. Por mim e (estupidamente?) também por ti. A porra do sentimento é mais resiliente que sei lá o quê... 😄

Queremos estar mais fortes. Por vezes estamos.
Mas até em ti o que queres como apenas amizade ainda tem muito amor misturado. Não?
Se queres amizade tens de deixar o tempo e a ausência fazer o que fazem sempre a todos e a tudo.

Tal como deixar de fazer coisas com bandas e viagens para estarmos juntos te abre para novas possibilidades e predisposições, também deixar de conviver comigo te leva a novos lugares, novas pessoas e aos poucos as coisas boas que tivemos e todos os planos em conjunto cairão numa vaga memória e deixarão de doer. 

Todas as conversas que queres que se tenham "sem ser sobre a relação" são relação. Será que achas que de janeiro abril não houve relação? Nós passámos quase 2 anos juntos em negação sem querer ter relação, devíamos saber reconhecer estas coisas! 😂Será que queres isso? Estar comigo sem falar deste assunto chato e recorrente? E não te assusta que entre nós tirando este assunto nos damos bem (demais?).

Nem tu! Quanto mais eu... Ainda não estamos assim tão fortes para não ter amor. 
Não desesperes, seja o que for que a vida traz. Ficaremos mais fortes.

Por hora parece que, com quereres diferentes, ainda temos amor. E então?
Temos algo bom.
E isso é bom.

 


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“sincronização”


com um oceano a separar

ouviam no outro 

uma linguagem imperceptível

e assim,

tanto um pedido de ajuda

como uma declaração de amor

corriam sérios riscos

de naufrágio


no dia em que a terra voltou a tremer

em vez de se porem a salvo

perdiam tempo a tentar dar direções um ao outro

por entre dialetos ininteligíveis e cascalho

 um sorriso salvou o dia

 
despiram-se, fizeram-se ao mar e reaprenderam a comunicar nos silêncios