16/07/24

Acho que não estou lá muito bem...

 "luxo"

parece
por vezes
não sermos daqui
nem tampouco dali.

não pertencermos 
nenhures.

espalhamos 
os nossos pertences
pelo mundo
com um sopro
de vida

comprei luxuriosa
casa e
tranquei porta

deixo
chaves
contigo

na esperança
que recordes:
não pertencer
é opção.


"peso"

falta-me ainda
aprender
o quanto me
estou a perder
na nostalgia
do impossível


"Era uma vez..."

Era uma vez uma realidade
(e antes de prosseguir 
deixem-me esclarecer
e tornar completamente 
evidente:
sim! "uma"!
há mais!
Esta é a que hoje escolhi.)

Essa realidade 
queria ser
acontecimento,
memória,
real.

Mas 
encontrava-se limitada
por um modo 
(limitado,
passe a redundância)
de percepcionar

Assim
quando alguém dizia 
"aproximar"
assumia apenas
a diminuição 
de medida 
entre 
uma e outra 
pele

quando diziam "afastar"
assumia a medida
após a qual 
uma voz,
mesmo que berrada,
se torna inaudível.

quando alguém dizia "maçã"
na sua cabeça de realidade
formulava sempre a mesma imagem

afastado 
cheguei,  
aproximei 
e trinquei.
a realidade só teve tempo
de dizer "ai".

estava
verde.


"comboios?"

há estações
inteiras
que passam
sem nos encontrarem
de bilhete na mão


"intangível" 

procuras
encontram-te 
conheces o jogo
haverão sempre 
secretas mãos 
dispostas a amparar

apesar de ter amigos 
por ela consumidos 
recuso celebrar a solidão 
a uma distância de segurança



"banal"

para o que virá
estamos
o que passou 
passou
que banais nos 
tornamos
que descartável 
estou

---""---


(já matavas saudades minhas de outro modo que não seja vir aqui, não? Tótó!) 


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