04/12/23

"Burrice" // "Corpos Celestes" // Pogues // "Qualidades" // "Corpo"

 "Burrice"


Um jogo demora noventa minutos. Começa e termina com o som de um apito.
Uma aula com a chamada e termina com um toque sonoro e ordem de saída.
Numa peça bate o pau, sobe o pano, desce pano com aplausos.
O dia começa com os primeiros raios de luz e finda com o anoitecer.
As estações têm a sua data bem definida e delineada, 
até a infância a adolescência, a velhice,... são passíveis de arrumar em cómodas gavetas.
Só eu não sei 
o que fazer 
com todo este amor que tenho. 


"corpos celestes"

há um universo lá fora:
estrelas,
planetas,
constelações,
galáxias
e um espaço
entre braços
onde
desprovidos de orgulho e fé,
de tão parca 
necessidade de afirmar,
a liberdade 
se tornou obsoleta.



"Qualidades"

Ela tinha
um sorriso de fazer parar o trânsito,
simpatia para dar e vender,
facilidade em socializar,
ancas que causavam acidentes,...

de todas as suas qualidade
só lhe invejo
a memória 

milimétrica
do seu
peixinho dourado.



"Corpo"

percorremos quilómetros 
de estradas 
e lençóis.

o corpo
procura
outro corpo
que acrescente
e, inegavelmente,
recorde
de que é mais que um corpo,
presença,
metade
ou companhia.
e, sem existir
qualquer necessidade 
de completar,
consegue fazer
diferença
entre vazio e cheio

nos dias que correm
(mesmo quando se arrastam)
corpos enchem
cemitérios, lixeiras e hospitais

só loucos
insistem
e
enchem
corações
e corpos inteiros
com esperança.

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