"raro"
o que eu quero
o que eu quero
quero
o que eu quero
o que eu quero
o que eu quero
o que eu quero
"Let everything that's been planned come true. Let them believe. And let them have a laugh at their passions. Because what they call passion actually is not some emotional energy, but just the friction between their souls and the outside world. And most important, let them believe in themselves. Let them be helpless like children, because weakness is a great thing, and strength is nothing. (...) " de "Stalker" (Andrei Tarkovsky)
"raro"
porque
a memória persiste
procuro
para não encontrar
no escuro
procuro
procuro
procuro
braços
que consigam
contornar
certo que,
não sendo teus,
sei
autosabotar.
dizias: "do amor, quero tudo"
onde está então a coragem
para o revindicar?
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caminho descalço
para sentir o chão
pé ante pé
em contramão
durmo de noite
sobre céu encoberto
sonho de dia
para te trazer perto
---"""---
"ai"
A abécula
é o animal
com o mais baixo
registo de avistamentos.
a razão para tal
prende-se
com um apurado
sistema de defesa.
as poucas pessoas
que conviveram com a espécie
afirmam
a pés juntos
que o seu abraço,
não sendo letal,
estende-se
distorcendo fronteiras
espácio-temporais.
Há também quem diga
que tem pavio curto.
Discordo.
Veemente.
abécula
abécula
abécula
...
...
...
gosto tanto de ti.
Há quem diga
que não é suficiente.
E, realmente,
gostar ou amar são parcos
ao lado de uma genuína,
recorrente e leve
vontade de aprender e ficar.
foi isso
que deixei na mesa.
Tabernei
LaveiServiLeveiNadeiE, embora imperceptível a olho nu, abracei.
Enlouquecer tem dessas coisas.
---"""---
há sempre um risco de nos diluirmos ou perdermos. compreendo e leio esse receio. espero que confiem para tentar não deixar que se percam. tal como confio para o mesmo. Gostar de alguém talvez seja também muito não ter medo de nos perdermos, certos de se encontrar sempre mais do que se perde.
agora, se eu conseguisse apenas fazer-me menos descartável...
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"problemas & equações (ou que fazer enquanto tudo arde)"
o problema não foi percepcionar tudo prematuramente.
o problema nunca foi ter por isso querido fugir,
nem as próprias pernas questionarem: "para onde?"
o problema não era poder perder-me naqueles olhos.
o problema não foi o conforto daquelas ancas, braços,...
nem mesmo a estranha química que ocorria sempre que os olhares se cruzaram.
ou o assustador conforto do odor que me assolava as narinas ao encosta-lo no seu pescoço.
o problema foi ler fragilidades, traumas e até agressividade. ver tudo o que escondia. e em tudo, ler uma alma gémea que também arranca da terra migalhas de conforto que frequentemente lhe custam pedaços de alma.
o problema foi ver controle e rotinas e perceber.
o problema é ver fragilidade e ler potencial para força.
o problema é num implacável mecanismo de defesa ver mais beleza que fuga, receios ou afastamento.
o problema foi até nos desencontros ver prenúncios da obsolescência do tédio.
o problema é a surdez de ler "não dá", ouvir "não consigo" e sentir "meu amor".
o problema não foi por a mesa para dois.
o problema foi não te fazer sentir que não precisavas sempre de ficar.
o problema foi desde cedo localizar feridas e questionar:
"nossa?"
vi sempre muito mais soluções que problemas.
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"o que é punk rock Mr Armstrong?"
(revisão da matéria dada, esperando desde então ter aprendido uma qualquer lição importante)
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"Desportos de Alta Competição"
"efectivamente"
Acreditei sinceramente que também sentias o quão raro e precioso era tudo. Acreditei sinceramente que também estavas farta de te assustar. Acredito ainda que este cansaço de ser reféns nos vai (continuar a) dar força para reclamar para nós toda a vida que merecemos. Acredito ainda que nos encontraremos aí. Ambos com uma avassaladora vontade de ficar.
o que testemunhámos foi, de facto, bonito demais.
raro.
"isso por si só não basta." - será esta a tua voz ou a voz dos receios?
preciso permitir aos receios ceder à imensa e recorrente vontade de interromper a tua tarde para te encostar a mim ao som de uma qualquer música. real ou imaginária. sem medo de aí nos perdermos.
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Talvez esta predisposição para enfrentar desconforto não seja apenas coragem.
Talvez esta coragem não seja sequer coragem.
Talvez esta vontade suicida de ter coração aberto venha de um modo de amar sem medo mas também sem ilusões.
Um mais que gostar da ideia da pessoa, de gostar de facto da pessoa.
Da que conheço e da que permanece encoberta.
Gostar tanto do que sei de como o que não sei.
Dizer "por mim fico" é muito mais que teimosia.
Talvez seja mesmo muito mais que não ter medo de reconhecer o amor quando está à nossa frente.
Talvez forçar-me a admitir que foi inesperado, não correspondido mas também enorme, avassalador, assoberbante,... seja a maneira de defender o quanto tudo foi bonito.
Não há nisto nostalgia.
Defender essa honestidade contra a vontade de me proteger é-me importante.
Talvez coragem não seja de todo a palavra para isso.
Talvez seja uma predisposição para fazer caminho sem medo.
Destruir cercas. Construir pontes.
O que nos lixa não é encontrar uma pessoa que nos deslumbra e tira de nós.
Mesmo que a companhia seja sempre prazerosa, que seja evidente que tudo está certo quando essa presença se faz sentir, que parece que o universo conspirou com cada passo que aquela pessoa deu e continua a dar na vida só para nos fazer sentir admiração e cumplicidade.
Não obstante o quanto tudo isto também tem de assustador.
Quando a autoestima incha consigo me convencer de que também serei bom para essa pessoa por me sentir preparado ou, mais que isso, ansioso pelo momento em que ela sinta que em vez de fugir do desconforto o quer enfrentar. Certo de que do outro lado há algo melhor e que é por aí o caminho para fora de um vicioso circulo. Mas.. não obstante o quanto também isto também tem de assustador..
O que nos lixa é quando não temos razões para rir mas somos recorrentemente assolados de esperança e boa disposição.
Quando coisa é séria e impele a casmurrice mas algo cá dentro parece gritar "foi bom, foi bonito".
Como se o que se viveu fosse, mais que um aperto no peito, uma amostra de resposta para todos os desafios, problemas, ...
(..a diferença que uma abécula faz mesmo quando se esgadanha para voltar a desaparecer.)
É fodido! 😊
Suponho que perante desconforto essa predisposição faça a diferença.
Este ânimo do "eu conseguia fazer isto" perante adversidades ou impossibilidades é algo de novo.
O "não deixar de ver problemas" mas com aquela presença (que nem precisa estar nas imediações mas que sabemos algures) ver mais soluções que problemas.
Não estou habituado. Será isto algum tipo de maturidade? É certamente mais que mera resiliência.
Não sei ainda se devia gostar desta força. Afinal, de que serve este sentimento se unilateral?
Mas tenho de admitir que gosto.
O pior é mesmo isso: não saber se este tipo de disponibilidade nasce de loucura ou de um amor genuíno e gratuito.
Haverá diferença?
"conclusão inamovível"
(Estava no meio da estrada atordoado. Espetei água na goela, vi se as asas estavam bem e deixei mais resguardado. )
- Não posso salvar todos.
- Pois não.
- Pois não?
- Especialmente quem não quer nem precisa ser salvo.
- É?
- Dizem que sim.
- Quem diz?
"o homem que corre"
"técnicas de desguerrilha"
quanto mais ilha
mais definição
pelo que rodeia
limites, fronteiras,
água, mar, oceano.
"ano novo"