"conclusão inamovível"
Quando quis tocar,
as mãos tremeram
desejando
mais coragem:
minha, tua, nossa.
Quis saltar
mas não sozinho.
Quis gritar o teu nome
mas a garganta traiu,perdi o grito na língua,
engoli o verbo,
afogado em silêncio.
(Aprendi.
Não sou.
Serei?)
Assim,
hoje
regresso a ontem:
observo
perdido em questões.
De consolo
saber que na tempestade
fiz a mesa
para dois.
(Tu
és.)
Se quisesses
saberias tu
chamar o meu nome?
em ti
com vontade de ilha
senti casa.
(Vontade
não é força.)
se honesta
serás forte.
serei fraco
se todo o meu afecto
não falar mais alto
que o desconforto.
tu queres não te magoar mais
e afastas
eu quero não me magoar mais
e fico:
desconforto
porque
desbravamos
(Será silêncio
força?)
na tristeza do meu silêncio
esteve uma mão
dada
com discreta alegria
e a esperança
de quem se convenceu
a aprender algo
novo
(mas também para mim
passinhos são difíceis
quando para fora
da zona de conforto
"desmistificar à bruta"?)
de bom grado
transmutaria
horas em séculos
arrisquei
porque nunca fui bom
a encontrar
meios termos.
todo.
todo.
todo.
meu
bem.
tenho de reaprender
a ler:
"con-clu-são".
o som dessa palavra
tem de ser mais alto
que a esperança
de que também tu
estendas
os braços.
(talvez
o teu vazio
não tenha
a minha forma.)
mas uma casa
é coisa rara.
resta uma saudade
que nem tu conheces:
"inamovível".
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