"Let everything that's been planned come true. Let them believe. And let them have a laugh at their passions. Because what they call passion actually is not some emotional energy, but just the friction between their souls and the outside world. And most important, let them believe in themselves. Let them be helpless like children, because weakness is a great thing, and strength is nothing. (...) "
de "Stalker" (Andrei Tarkovsky)
19/05/22
Mensagens ao mar // Improvisos lamechas
O que por vezes parece extraordinário pode revelar-se um lugar comum.
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Ainda me perco a tentar compreender como a minha insegurança resultou numa acusação.
Como conseguir espremer todos os devaneios num mais claro "não preciso mesmo que venhas mais vezes cá, nem de ter mais tempo nosso sequer, apenas quero saber se tens vontade de mais tempo comigo" dito por alguém rejeitado tantas vezes resultou num sufoco teu. Como depois das conversas de janeiro se passa um dia a refletir sozinha em vez de procurar diálogo ou de apenas dizer "calma, preciso de refletir sozinha". Se vi mesmo alguém apaixonado desde janeiro ou se imaginei. Se só eu procurava saber onde fica o meio termo. Se só eu voltei a ser feliz neste ano. Recordo abraços daqueles bons em que tudo fica bem e calmo. Recordo fazer amor apaixonado. Recordo estar a adorar percorrer estradas contigo a ouvir musica. Recordo estar feliz por voltar a fazer parte. Recordo conseguir alguma calma para voltar a perceber onde encaixaria a minha vida aí. Recordo conseguir calma bastantes vezes para apreciar os fins de dia juntos. Recordo ter coragem e calma para ponderar investimentos e mudança de emprego. Recordo alguma ansiedade boa ao pensar em soluções para filhos. Devia ter falado nisto tudo ou assustar-te-ia ainda mais cedo? Senti gosto nestas questões mas não senti urgência. Isso foi mau? Recordo até estar menos rezingão com questões da nossa agenda, não?
Eu saltei sem olhar. A pés juntos!
Como pode uma questão insegura de quem te ama sufocar? Ou o que sufocou foi eu estar mais calmo e disposto a avançar nestas questões? Ou o perguntar o que foram para ti estes meses?
Será que também te vês um pouco como agressora pelo modo inesperado e intransigente como afastaste sem diálogo prévio nestas últimas 3 vezes e o que resulta daí? Como na dúvida e desconforto a decisão foi pelo "que se foda isto tudo" ?
Não te assusta as consequências das coisas serem feitas nesse ímpeto abrupto para o outro? Que tudo o que de bom que houve fique marcado por esse descartar unilateral e contínuo da outra pessoa?
Mas tens alguma razão, claro: eu e as infindáveis questões de quem sofre e está a tentar resolver problemas graves de ansiedade.
Estas e tantas outras perguntas que sei que não são mesmo para responder. Sobretudo por quem se sente oprimido por elas.
Terás as tuas razões.
Terás o teu coração.
E as razões do coração que a razão desconhece.
Eu tenho estas perguntas.
Este desconforto que por vezes não o é pois já nada tem o peso de outrora.
As coisas avançam e a tua inação é também ela uma acção bem forte e determinada.
As saudades de me sentar a falar contigo de coisas banais é imensa. (Queria isso e não o que temo que aconteça um dia mantendo tu a tua postura usual: estarás por Viseu nas tuas lides ou vens ao Jardins e cruzamo-nos na rua sem saber como ou se sequer nos cumprimentamos como no passado já aconteceu. Esse cenário entristece-me. Acho que merecíamos mais que isso.)
Mantenho esta maneira carinhosa de olhar para ti.
Não de saudosismo.
Mas de quem por entre tudo ainda consegue ver coisas boas pela frente.
De quem por entre tudo ainda vê quem ama.
E rapidamente estas questões se esquecem por outras que verdadeiramente interessam: como estás? Que tens feito? Como correm as aulas? Como estão as abelhas? Como andam os burrinhos? Como anda o teu coração? Correu bem o transporte da Mirschquina? Como têm andado os teus pais? Tens tocado? Tens visto coisas giras? Lido livros? Tens escrito, pintado, criado coisas tuas? Gostava muito de ir ver as tuas exposições (será que te incomodaria ou que até gostavas?). Como anda tua mana, Rafael e Miguel? Como anda o teu avô?
“Havia duas maneiras de partir: uma era ir embora, outra era enlouquecer” (Mia Couto em “Terra Sonâmbula”).
Não sei os contornos de como chegaste ao teu "sufoco".
Mas acho que percebo isto:
Tu partiste para não enlouquecer. Eu enlouqueço um pouco porque partiste.
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Está um fadista do c#ralho!
eu
já tentei esquecer
apagar
rescrever
todo este desconforto
assim
só consigo assustar
barco em alto mar
sem chegar a bom porto
um dia
em que passas por mim
consigo parecer
inteiro funcional
mais que mero animal
sentimental
fi-fi-fiiuuuu
firiri-fi-fiu a long way home and with each step a story and a song from paris to rome
in darkest night and in brightest day I feel the warm embrace that leads me home
on this blood stained ground kneel and bow down take of your mask surrender your crown
a memory the strangest home a touch and smell that asks for my return
she talks to ghosts and I cant feel but get attracted like moth to flame I burn
on this blood stained ground kneel and bow down take of your mask surrender your crown
(2 temas igualmente fracotes.. não ando muito inspirado. é para o que dá o gasto. quando a vontade de te abraçar com força supera astronomicamente a de tocar suponho que seja normal. 😄 )
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Tens razão, foram muitas vezes que acabaste e é de loucos. Mas também penso que poderá ser a tua luta e não falta de amor. Que tal como eu tardei a começar a minha luta e a encarar o que tenho aqui há décadas talvez também tu estejas num processo semelhante de reconhecer o que tens aí. E se for o caso queria conseguir esperar, não vás tu reconhecer que as razões se saturação foram outras bem mais complexas e que há e sempre houve amor por mim. Será demais querer estar na minha luta e compreender e ajudar na tua? (Será sempre se é uma ajuda que não queres, claro.) Teria de passar por aquele diálogo que apontámos em janeiro e que por vezes te parece tão difícil sair atempadamente. Estarei a ser compreensivo demais? Existe sequer "compreensivo demais" com quem gostamos? Não creio. Pode é existir o eu estar a procurar explicações para algo que é apenas falta de amor. (Mas deves compreender: li-te também a ti feliz e apaixonada naqueles meses, pensei que fazia as perguntas para saber se querias mais tempo juntos com calma, para mim foi tão abrupto.. )
Se por acaso aqui vens de vez em quando porque não tentar antes falar comigo?
Casmurrice, convencida de fazer o correcto, medo...? Saudades que emudeces e calas? Medo do que ainda sentes Ou pelo contrário, nunca mais me queres ver à frente?
Serei eu o único com estes laivos de saudades avassaladoras? É assim tão mau falares sem certezas? É mau manifestar e assumir esse impulso? É "voltar a cair no mesmo"? Medo de alimentar esperanças (em mim, em ti)? Serei assim tão assustador? É isso "maturidade"? Ou imaturidade é confundir vires aqui com vontade de me falar ou algum tipo de afecto?
(em laivos de lucidez claro que me sinto idiota por imaginar que me quererias ler. deves já ter alguém que goste de ti e que te faça acreditar novamente em coisas boas a dois. mesmo num desses cenários espero que sejas feliz enquanto permaneço aqui a lançar garrafas ao mar sem saber se alguém as lê. apenas mais um manifesto da minha loucura a teimar em agarrar até o nada que me dás.)
que será do "Hu-Hu" do meu "Shoo Be Doo Da Dabba Doobee" se o fazes em surdina?
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