"O Professor"
Cada sala um zoológico
de olhares vazios,
em cada um
em cada um
o desejo
de fuga,
e tu,
e tu,
com a cabeça cheia de cansaço,
tentando ensinar o impossível.
tentando ensinar o impossível.
Eles não querem saber,
nem entender o que se diz,
o que se sente,
só percepcionam o barulho das horas
só percepcionam o barulho das horas
que caem no chão.
É assim que os querem.
Foi para isso que nos moldaram:
servis; complacentes.
Ninguém se importa
com a porra da equação.
Poetas estão mortos,
artistas faliram,
e os alunos estão apenas
e os alunos estão apenas
à espera do fim
da aula,
do dia,
de tudo.
A velha luta está lá,
todos os dias,
de camisa suja,
a dizer coisas para ninguém ouvir:
que há mais que o conteúdo bolorento.
Que urge aprender a ser.
E não querem. Não deixam.
Competir em vez de cooperar.
A vida das nove às cinco.
A meritocracia.
Os vinte cães a um osso.
Mas tu insistes,
insistes porque sabes que, no fundo,
alguém se vai lembrar,
alguém vai carregar aquela merda
por um minuto,
um mísero minuto.
E esses sessenta segundos,
insistes porque sabes que, no fundo,
alguém se vai lembrar,
alguém vai carregar aquela merda
por um minuto,
um mísero minuto.
E esses sessenta segundos,
talvez sejam o suficiente
para um dia apagar um pouco
o absurdo da existência.
Porque, no fim,
o que sobra não é o que se ensinou,
mas o que, apesar de tudo,
para um dia apagar um pouco
o absurdo da existência.
Porque, no fim,
o que sobra não é o que se ensinou,
mas o que, apesar de tudo,
sobreviveu
para sentirmos luz
por entre as ruínas.
por entre as ruínas.
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"ladainha do sagrado conformismo"
aconteceu
assim
porque sou
porque sou
assim
produto acabado
&perfeito
produto acabado
&perfeito
foi
assim
que deus
me fez
que deus
me fez
---"""---
"O mendigo de abraços"
coração
é única bússola
que respeita
contudo
o caminho
revela-se
intransitável
e uma rocha
não indica
norte algum
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