“análise”
procuro
quem sonhe até à exaustão
e após repouso
acorde
para sonhar outra vez
não há culpa em quem
não se alongue:
em teoria deslumbra
na prática extenua.
a fragilidade dos menos atraentes dá bons romances
mas
não é tão bem tolerada.
sei de quem morreu de solidão;
escrevemos e
sentimos demais
contudo,
porque iria eu dizer
que me contento com a paixão
quando na verdade
quero enlouquecer até ao fim
dos nossos dias?
“sangue navajo, coração apache”
acordei com dois pés esquerdos
os sapatos apertam
tornam difícil andar em linha recta
fixo um objetivo
avanço com segurança
e quando parece próximo
os dois pés esquerdos
executam curva e contracurva
até que me encontre uma e outra vez
numa rua desconhecida
olho em redor
sento-me
peço um café
gargarejo
e cuspo-o no chão
peço a conta
desando,
descalço-me,
dispo-me,
prometo
rios de dinheiro
ao dono da lavandaria
em troco de uma toalha lavada
e pinturas de guerra
(ironias da vida: numa troca frequente de mensagens podem ler-se coisas tão díspares como carência exacerbada ou prazer pela descoberta. tudo depende de quem lê, do momento, dos receios, do estímulo da novidade, do desgaste, da vontade, da leveza, de ...
Olhar para isso com algum desconforto mas conseguir sorrir faz-me sentir forte.
haja espaço para perceber a distância entre paixão, amor e a sorte de ter ambos.
o conhecimento estará aí e não nasceu apenas de experiências recentes.
haja tempo para te lembrares ou reaprenderes que me conheces e não à minha sombra.
Como diz um querido amigo:
"Larga as tuas lágrimas!
Vê bem: eu não moro lá!"
espero …
o uivo que rasga
com o dia a nascer
espero que o incêndio
não queime mais
que o peito que deseja arder
espero uma luta justa
que em mim
não me volte a aprisionar
espero um casaco de vento que agasalhe no frio
sem no calor sufocar
espero que ao procurar
te encontres
perto de mim
espero o enfarte do agiota
no banco de jardim
“Definição”
não esqueci. sei.
sorrio quando os olhos (te) encontram.
entre ser e estar espero ter quem me distinga. espero ser.
Nunca te perdeste e aí te alongaste? Que fazes ao teu medo enquanto esperas que os outros se libertem do deles?
sentir, agir, pensar, doença e luta.
espero ter
quem me distinga.
espero ser.
A chuva parece estática para quem não pára de correr Para asas pequenas que teimam não crescer inventam-se âncoras de medo.
O sonho chega em recorrentes ondas e impõe-se uma, outra e ainda outra vez.
Há algo que define mais que desespero, depressão e ansiedade.
Por mais recorrentes.
Por mais que "saturem".
Não há âncora que perdure:
Não sou o meu cansaço. Sou a persistência do sonho!
“espaço”
encaramos a luta nos olhos um do outro e aí nos perdemos
depois de uma década a aprender a viver na selva respira-se no intervalo fugimos para combater
encaramos a luta nos olhos um do outro e aí nos perdemos
um pelo outro
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