"inventário"
para os homens que dormem não há desculpa
a consciência falha
tomam a vida certos de que podem fugir
a súmula dos actos é a única pauta do seu sucesso
são estes os homens de amanhã
para os homens que optam seguir de olhos abertos
a contenda que aguarda é implacável
num ininterrupto estado de alerta
caem de cansaço devorados por números
grande parte das pessoas simplesmente evaporou
não são homens nem mulheres,
não por egoísmo, falta de sensibilidade, de coragem, de tacto...
mas pela ingenuidade de quem prometeu sem saber cumprir
(desde então ninguém promete com medo de evaporar)
dizem que a cidade incendiou com o primeiro beijo
eu procuro quem a incendeie com último
antes do último
antes do último
antes do último
“aprender a cair”
no dia em que a levou a casa
sentiu-se em casa
um coração fértil
contra a insensibilidade dos dias
semeando esperança
transubstanciava
deserto em solo arável
no dia em que a levou a casa
uma certeza antiga:
não se conformava em arrancar
rosas
para oferecer
quando preferia passear
pelo jardim
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