17/06/11




o correio vazio. algures é Domingo.
Entra-se para o autocarro para mais uma indesejada ida e volta (é assim quando finalmente se sabe o que se quer e se quer o que não se pode). cabeça cabisbaixa, engolido num assento, passeando por uma paisagem que não se consegue assimilar.
fecho os olhos. recordo a relva quando te ouvi em Novembro.
"gosto tanto de ti" (sim, sei bem qual o dia meu amor).
a entoação de cada palavra gravada na alma.
o quanto a garganta secou enquanto os olhos se fixavam em baixo (e por lá se prolongavam até dias depois quando o fogo devorou a cidade).
há um bebé que grita. como os homens já gritaram. como os homens nunca deviam ter deixado de gritar. como eu ainda grito quando julgo que ninguém escuta. (grito os teus olhos como deles me recordo, nossos verbos)

o arrependimento dos homens é infinito.

Cansado recordo o silêncio,
esquivo as memórias
mantenho a cabeça entre as mãos
como se assim a protegesse
quem olha julga-me morto,
resignado. digno de dó.
não é assim!
a cabeça pesa-me é certo
mas dentro dela nascem poemas.

Sem comentários:

Enviar um comentário