28/12/10

canil


não é preciso um acontecimento para disparar nada. agem como putos. apenas putos. putos a descobrir coisas pela primeira vez. uma e outra vez. uma porra de sítio. merda nas paredes. merda até sufocar. e aprendem a merda porque merda é o que há. merda é o que vai continuar a ser servido. a merda de cima não pode cair em descrédito e por isso manda-se mais merda para baixo. parar para perguntar "porquê" é afundar na merda. a peça não serve. não encaixa. vem com defeito. estraga a engrenagem. a merda da engrenagem. e a peça começa a pensar que também é merda. "a merda da peça". a merda da peça que não encaixa. a merda da peça que sabe que a merda da engrenagem decide o que é a merda. define-a. "isto é merda!". "isto não é merda!". e a merda da peça sabe que a realidade não é necessariamente assim. e a merda da peça sabe que a percepção é mais forte que a realidade. e a merda da percepção é como os olhos do cu: cada um caga merda diferente. e a percepção da realidade é mais fraca do que a realidade porque a merda da engrenagem escreveu o manual. a merda do manual. e na merda do manual vem assim. é lei. a merda da lei. está escrito. com mil e um artigos de merda. "à merda com as peças egoístas! viva a engrenagem". que se foda a puta da merda do manual. a peça vai ser peça por si. peça acabada. um parafuso que não precisa de assentar a cabeça na merda da prateleira para ser um parafuso útil. útil a quem? ao quê? é um parafuso "melhor" se estiver encaixadinho? "melhor"? o que é essa merda de melhor? melhor para quem? para o parafuso? ide à merda! à vossa merda!

(e no meio daquilo restos de alprazolam a salvar o dia.
obrigada.)


Sem comentários:

Enviar um comentário