31/12/10
29/12/10
zeppelin
28/12/10
canil
não é preciso um acontecimento para disparar nada. agem como putos. apenas putos. putos a descobrir coisas pela primeira vez. uma e outra vez. uma porra de sítio. merda nas paredes. merda até sufocar. e aprendem a merda porque merda é o que há. merda é o que vai continuar a ser servido. a merda de cima não pode cair em descrédito e por isso manda-se mais merda para baixo. parar para perguntar "porquê" é afundar na merda. a peça não serve. não encaixa. vem com defeito. estraga a engrenagem. a merda da engrenagem. e a peça começa a pensar que também é merda. "a merda da peça". a merda da peça que não encaixa. a merda da peça que sabe que a merda da engrenagem decide o que é a merda. define-a. "isto é merda!". "isto não é merda!". e a merda da peça sabe que a realidade não é necessariamente assim. e a merda da peça sabe que a percepção é mais forte que a realidade. e a merda da percepção é como os olhos do cu: cada um caga merda diferente. e a percepção da realidade é mais fraca do que a realidade porque a merda da engrenagem escreveu o manual. a merda do manual. e na merda do manual vem assim. é lei. a merda da lei. está escrito. com mil e um artigos de merda. "à merda com as peças egoístas! viva a engrenagem". que se foda a puta da merda do manual. a peça vai ser peça por si. peça acabada. um parafuso que não precisa de assentar a cabeça na merda da prateleira para ser um parafuso útil. útil a quem? ao quê? é um parafuso "melhor" se estiver encaixadinho? "melhor"? o que é essa merda de melhor? melhor para quem? para o parafuso? ide à merda! à vossa merda!
(e no meio daquilo restos de alprazolam a salvar o dia. obrigada.)
(e no meio daquilo restos de alprazolam a salvar o dia. obrigada.)
27/12/10
Tarkovski
"O génio, afinal, não se revela na perfeição absoluta de uma obra, mas sim na absoluta fidelidade a si próprio, no compromisso com sua própria paixão. O anseio apaixonado do artista de encontrar a verdade, de conhecer o mundo e a si próprio dentro desse mundo, confere um significado especial até mesmo aos trechos mais obscuros de suas obras, ou, como se costuma dizer, "menos bem-sucedidos".
Pode-se ir ainda mais longe, não conheço uma só obra-prima que não tenha suas fraquezas ou que esteja inteiramente isenta de imperfeições, pois as tendências pessoais que criam o génio e a integridade de propósitos que sustenta a sua obra constituem a fonte não apenas da grandeza de uma obra-prime mas também das suas falhas. Volto a dizê-lo - pode dar-se o nome de "falha" a um componente orgânico de uma visão do mundo integral? O génio não é livre. Como escreveu Thomas Mann: " Só a indiferença é livre. O que tem carácter distintivo nunca é livre; traz a marca do seu próprio selo; é condicionado e comprometido."
Pode-se ir ainda mais longe, não conheço uma só obra-prima que não tenha suas fraquezas ou que esteja inteiramente isenta de imperfeições, pois as tendências pessoais que criam o génio e a integridade de propósitos que sustenta a sua obra constituem a fonte não apenas da grandeza de uma obra-prime mas também das suas falhas. Volto a dizê-lo - pode dar-se o nome de "falha" a um componente orgânico de uma visão do mundo integral? O génio não é livre. Como escreveu Thomas Mann: " Só a indiferença é livre. O que tem carácter distintivo nunca é livre; traz a marca do seu próprio selo; é condicionado e comprometido."
em "Esculpir o Tempo" de Tarkovski
26/12/10
25/12/10
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23/12/10
21/12/10
Sobre o vazio instituido...
«Nem todos os cultos resultam de modas, nem todas as modas geram cultos, até porque a essência da sociedade contemporânea laica é o consumo e o espectáculo. Mas sendo as modas essencialmente efémeras, os seus simulacros de cultos - quando existem -, são superficiais e vão-se sucedendo a um ritmo alucinante sem deixar marcas visíveis ou profundas.»
Eduardo de Sousa (livreiro da Letra Livre) na revista "Coelacanto" (Dezembro de 2010)
Eduardo de Sousa (livreiro da Letra Livre) na revista "Coelacanto" (Dezembro de 2010)
prenome
a maré sobe
a água já cobre a boca
infelizmente a maré também desce.
eventualmente
também ...
espuma.
espuma.
espuma.
a água já cobre a boca
infelizmente a maré também desce.
eventualmente
também ...
espuma.
espuma.
espuma.
16/12/10
14/12/10
Caribou - 14-12-2010
uma sala cheia de gente.
e de repente viseu não me pareceu tão frio.
o mesmo vazio à minha volta. a mesma solidão em mim.
o melhor em pessoas que insistem em ser crianças (de 20, 30, 40, 50,... anos)
mas uma criança grande sem responsabilidades também é uma coisa feia.
...
venho a pé pela almirante reis
entre martim moniz e intendente (não, não fui assaltado) uma prostituta crava um cigarro que cedo gentilmente. peço desculpa por estar amarrotado. oferece companhia gratuita. recuso o mais educadamente que sei.
não me sinto daqui.
e no entanto sinto que devo ficar. pela teimosia do choque. uma pulga que morde o pelo do cão convencida que faz a diferença. a querer ensinar um cadáver que há mais que aquilo. (que o som dos vermes a devorar a carne.) mas ensinar o quê? a quêm? esta gente não tem medo do fim. esta gente já morreu. repete um dia e outro e outro para sobreviver. é tudo!
mais cedo falece també o que tenho e quero passar...
já não há!
já não se usa!
o menino vem da aldeia!
o menino está desactualizado!
...
mais á frente a cena repete.
ofereço o último cigarro.
"então e tu?"
"não se preocupe"
"queres vir para um quarto?"
novamente recuso tentando não ofender. aproveita-se rapidaemente da minha simpatia para me cravar um euro.
"para um café"
tiro tudo quanto tenho no bolso.
um e meio.
e despacho-a educadamente.
(sempre educadamente)
um senhor que dorme num canto interrompe e pede cigarro.
explico (sim... educadamente!) que dei o último. que nem trocos tenho já.
ele agradece na mesma e cala-se numa tosse forte.
que raio de cidade é esta? que é feito do amor? onde está a religião? na caminha? aconchegada no edredão? (que a noite está fria)
e o amor que prometeste aos teus filhos meu cabrão!?
11/12/10
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06/12/10
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