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"Posse"
se frequentemente
me sinto idiota
é por,
nesta idade
e sabendo o que sei,
acreditar numa derradeira fuga
para deixar de fugir.
num olhar de pertença
não possessivo,
não meramente sexual,
não platónico nem ingénuo.
um sossego, um sussurro, um segredo.
um lugar
de confronto e de conforto
onde a pertença
liberta.
uma promessa
de cúmplice
reinvenção.
um recorrente diálogo
transparente, cru e visceral.
uma loucura comum.
partilhada.
e também o silêncio mútuo
que traduz
a certeza
de que
aquela pessoa
ali,
que retribui o olhar,
é a nossa pessoa.
tal requer não só a conjunção de enúmeros micro e macrofactores mas também de algo tão volátil como a vontade humana.
é, como admiti,
idiota.
mas é também certo
que este mundo
é de quem
se atreve.
Eu atrevo-me
a ser idiota.
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