"luxo"
parece
por vezes
não sermos daqui
nem tampouco dali.
não pertencermos
nenhures.
espalhamos
os nossos pertences
pelo mundo
com um sopro
de vida
comprei luxuriosa
casa e
tranquei porta
deixo
chaves
contigo
na esperança
que recordes:
não pertencer
é opção.
"peso"
falta-me ainda
aprender
o quanto me
estou a perder
na nostalgia
do impossível
"Era uma vez..."
Era uma vez uma realidade
(e antes de prosseguir
deixem-me esclarecer
e tornar completamente
evidente:
sim! "uma"!
há mais!
Esta é a que hoje escolhi.)
Essa realidade
queria ser
acontecimento,
memória,
real.
Mas
encontrava-se limitada
por um modo
(limitado,
passe a redundância)
de percepcionar
Assim
quando alguém dizia
"aproximar"
assumia apenas
a diminuição
de medida
entre
uma e outra
pele
quando diziam "afastar"
assumia a medida
após a qual
uma voz,
mesmo que berrada,
se torna inaudível.
quando alguém dizia "maçã"
na sua cabeça de realidade
formulava sempre a mesma imagem
afastado
cheguei,
aproximei
e trinquei.
a realidade só teve tempo
de dizer "ai".
estava
verde.
"comboios?"
há estações
inteiras
que passam
sem nos encontrarem
de bilhete na mão
"intangível"
procuras
encontram-te
conheces o jogo
haverão sempre
secretas mãos
dispostas a amparar
apesar de ter amigos
por ela consumidos
recuso celebrar a solidão
a uma distância de segurança
"banal"
para o que virá
estamos
o que passou
passou
que banais nos
tornamos
que descartável
estou
---""---
(já matavas saudades minhas de outro modo que não seja vir aqui, não? Tótó!)
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