"Encomendas"
são sempre assim:
tempo demais
de olhos no passado
à espera no cais.
de malas feitas
coração na mão
sem saber quanto
tempo
para nova embarcação.
sem saber
qual das preces
deus
vai finalmente
dignar-se
a atender.
"Carta"
ao escrever "saudade"
escolho cuidadosamente cada palavra
pois onde flores quero nascem balas
e se as deixo penduradas
há sempre quem venha
medir a que altura
pairam do chão.
"Assunto"
Ás vezes
pego num dia assim
(como este)
como quem pega num copo.
Se o encontro manchado
agarro-o pela goela,
espeto-lhe poesia
olhos adentro
e bebo
até dela me embriagar.
Não me resolve
o recorrente problema
das horas
mas mata-me temporariamente
a sede.
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