23/09/23

"solilóquio" // Asas Fechadas

 "solilóquio"


(os sonhos não se agarram.
tentam-se escrever,
tentam-se pintar,
por vezes quase se filmam.

por vezes quase se tentam.)


sabes,

também eu sonhava

ser

"normal"

um doce embalo,

um príncipe de face meiga

e carinhosos gestos.

não sou quem procuram.

não aprenderei a ficar

em animação suspensa

onde "não és".

não quero

novamente,

recorrentemente,

apontar

o erro na lógica.

já tens idade.

caprichosa como o tempo,

velha como eu


deita-se fogo às chamas.
insulta-se o vazio
e os espaços entre o vazio.

sabes ...

já tudo foi feito, pensado,...


é cada vez mais difícil

encontrar espaço para o voo.
só filhos da puta sem ilusões

têm forças

para se iludir.

fazendo perdurar

contos de fadas.


em vão. 


elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos

elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos

elevo aos mãos aos céus para amparar os meus sonhos


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